terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Desculpe?!

Imaginem que em pleno século XXI, o ministro japonês da Saúde, Hakuo Yanagisawa, qualificou as mulheres como «máquinas de fazer crianças», exigindo-lhes que relancem a taxa de natalidade do país. Apesar de já ter feito um comunicado a pedir desculpa, parece-me uma pessoa um tanto ou quanto machista e curto de ideias, digo eu...

Este blog tem estado murcho... Falta de inspiração e muito trabalho. Não é por falta de assunto pois temos pano para mangas de assuntos mas muitas vezes os temas não são apropriados para este blog, onde fazemos um esforço titânico para nos mantemos o “ideal” fútil de uma bolha...

Para compensar a falta de ritmo, aqui ficam duas recomendações para esta semana:
O filme “The end of the affair”, baseado num livro de Graham Greene, com (Ralph Fiennes e Julianne Moore. Agora quero ler o livro.
O livro“As Loucuras de Brooklyn” de Paul Auster. Estou a meio e a adorar.
Até breve!

4 comentários:

Anónimo disse...

Cara Mor,
O que são as declarações do Primeiro Ministro japonês ao pé das declarações da nossa D. Matilde relativamente à questão do aborto e que consegue manter... atenção... sem se rir!???!!!
Na entrevista que deu ao JN a nossa D. Matilde arrota as seguintes pérolas:

"Os economistas dizem (...) que é uma mais-valia haver mais crianças, existirá mais mão de obra e ajudarão a pagar as reformas. (...) Em Portugal temos (...) falta de um milhão de crianças."

ou

"A França não é exemplo para ninguém porque tem cerca de 200 mil abortos por ano, e os imigrantes reproduzem-se muito mais que os europeus..."

Confesso, que achei hilariante ver um discurso tão fluente e honesto!!!
Ou seja, para a nossa D. Matilde o mulherio do povo que continue a parir para evitar que um dia tenhamos de pôr os nossos ricos filhos a trabalhar como trolhas ou carpinteiros!! Ou então que sigam o exemplo dos africanos, por exemplo, que fazem filhos sempre seguidos para que nunca se nos acabe a criadagem!

mor disse...

Querida Ex Bolha,

Que saudades que tenho suas... A menina continua a ser a única pessoa que abrilhanta este pobre blog que a bem dizer não teve melhores dias!

Ninguém escreve, é um desconsolo e eu sem o feed back da minha querida amiga sinto-me desmotivada, o blog está a padecer de uma bolha crise epidémica...

Vou ler agora a entrevista da Dona Matilde.

Anónimo disse...

Mulheres portuguesas são autênticas escravas"
joão girão

Matilde Sousa Franco diz que a "actual lei está mal feita e, como tal, deve ser emendada"


Alexandra Inácio

Católica convicta e praticante, a deputada socialista considera que as mulheres têm hoje menos razões para abortar do que há nove anos. Há mais planeamento familiar, a medicina evoluiu e a baixa natalidade assim o requer a bem da economia nacional e europeia. José Sócrates, garante Matilde Sousa Franco, ao JN, deu-lhe "total liberdade" para fazer campanha pelo "não".


As mulheres portuguesas têm menos direitos que as europeias. Trabalham mais e não recebem os mesmos apoios à maternidade que uma alemã, belga, francesa ou austríaca. Se tivessem as mesmas condições, acredita Matilde Sousa Franco, não seria necessário "liberalizar-se o aborto". A lei, no entanto, deveria sempre ser mudada. "As mulheres não devem ir a tribunal em nenhuma semana de gravidez", afirmou ao JN.



JN|Há nove anos o "Não" venceu e hoje uma das críticas do "Sim" é que não fizeram nada...



Matilde Sousa Franco|E o que fizeram os do sim? Nada. O que se dá agora não é uma escolha mas outra escravatura deixar matar filhos saudáveis até às dez semanas e se for dez semanas e um dia continuam a ir para tribunal. Não quero mulheres em tribunal em semana nenhuma de gravidez, quero é que tenham condições para criar os filhos. As mulheres portuguesas são umas autênticas escravas.



Uma mulher deve ser presa por abortar?

Não. De forma alguma. Temos uma lei mal feita que, como tal, deve ser emendada.



Como?

Não sou jurista, mas temos óptimos no país para emendar o problema. Uma lei que está mal feita não pode continuar a existir .



Como se deve combater o aborto clandestino?

Esse problema é muito discutível. Em 1998 os apoiantes do Sim falavam em 200 mil casos, hoje falam em 18 mil, mas segundo dados da Direcção-Geral de Saúde não devem chegar a 1500 os internamentos por aborto clandestino.



Então não existe um problema?

Não, sei que os dados não são fiáveis...



Então, como deve combater- -se?

Muito facilmente, dando condições às mulheres para terem os filhos que entenderem. Tal como a existente noutros países europeus como a Alemanha ou a Áustria. O problema da liberalização do aborto surgiu há meio século. Hoje os condicionalismos são totalmente diferentes o planeamento familiar é muitíssimo bom, a ciência evoluiu imenso e os economistas dizem, por todo o mundo, que é uma mais valia haver mais crianças, existirá mais mão de obra e ajudarão a pagar as reformas. É que mesmo com milhões de imigrantes na União Europeia, em 2030 haverá falta de 20 milhões de trabalhadores na Europa a 25 e em 2050, 48 milhões. Em Portugal temos desde o início dos anos oitenta falta de um milhão de crianças. São todos argumentos a favor do Não.



O que sentiu quando o líder do partido - José Sócrates - classificou de hipócrita a solução defendida por si e outras duas deputadas do PS de suspensão provisória dos processos sobre crimes de aborto?

Não senti nada, porque queria uma reforma maior mais planeamento familiar e apoio à maternidade. Uma legislação em que não fosse possível famílias desequilibradas tratarem mal as crianças só por serem filhos biológicas. Depois, quando o engenheiro José Sócrates me defendeu para ser cabeça de lista por Coimbra, informei-o das minhas ideias. Ele achou muito bem. Defendia-as na campanha e tive a melhor votação de sempre. Pedi licença para fazer campanha pelo não e ele também me disse que achava lindamente. Deu-me toda a liberdade.



Tem receio da abstenção?

Tenho muito receio porque a pergunta está muito confusa.



A campanha tem decorrido de forma serena e esclarecedora?

É difícil, as pessoas não admitem outras opiniões. Estive num debate onde a maioria das pessoas era do sim e fui completamente metralhada, mas também não de me deixar intimidar e fui dando argumentos até que as pessoas acabaram por se ir embora com ar zangadíssimo.



O "sim" também acusa o "não" de fazer uma campanha agressiva, por exemplo os cartazes...

Não acho nada. Que cartazes? Falar que bate um coração? Falar-se nos gastos públicos? É a pura da realidade. No outro dia, os do Sim também trouxeram cá uma francesa para dar conselhos sobre o aborto. Ora a França não é exemplo para ninguém porque tem cerca de 200 mil abortos por ano, e os imigrantes reproduzem-se muito mais que os europeus. Essa senhora teve o despudor de numa entrevista dizer que não se fazem abortos por prazer e que há mulheres que ficam chocadas com o produto que sai - o que é um atentado, senão à ciência, à sensibilidade elementar.



Acha possível alguma mulher recorrer ao aborto como uma prática contraceptiva?

Acho, então não vemos tantas maltratarem crianças. Há pessoas com uma insensibilidade enorme.



Concorda que uma mulher que tenha sido violada aborte, apesar do embrião ser saudável?

Aceito. Se o conseguir psicologicamente óptimo, mas acho que é pedir-lhe demasiado, afinal já foi vítima de uma barbaridade. Compreendo perfeitamente esses casos, chamados desculpabilizantes e a igreja católica também.

Anónimo disse...

Paula Teixeira da Cruz: "Nas questões de consciência, como o aborto, não há partidos"

Quais as razões que a colocam no campo do "sim" neste referendo ?

Basicamente, tomo a posição que tomei em 1998. Entendo que a única questão que está em causa neste referendo é saber se a resposta que a sociedade tem para dar a uma mulher que pratica aborto é a prisão. E é o único momento, devo dizer, em que não tenho nenhum tipo de dúvida: não, não é!

Que resposta é, então?

A resposta que a sociedade tem que dar a uma mulher nesta situação não é a prisão. Portanto, sou claramente pelo "sim" à despenalização. Acresce ainda que mesmo para quem entende que é crime, então haverá que entender que é sempre um crime que comporta uma auto-sanção porque a própria prática do acto implica uma sanção e isso, na minha opinião, já seria castigo suficiente. Por outro lado, só assim se porá um travão naquilo que considero ser a liberalização do aborto. Fala-se na liberalização do aborto mas liberalizado está ele agora porque não há regras, há um mercado clandestino e paralelo. Portanto, há razões filosóficas, razões de filosofia penal, sociais, e entendo ainda que há razões de profundíssimo respeito por quem se vê numa situação dessas. Essas mulheres merecem-me muito respeito.

E se o resultado do referendo não for vinculativo?

Eu não sou de soluções enviesadas e daí que também não tenha concordado com algumas iniciativas, como a suspensão do julgamento ou do processo. Nestas soluções não estamos a falar de nada, estamos a falar de mascarar realidades. Eu não sou mesmo nada partidária de soluções que não permitam alcançar o objectivo muito bem sintetizado numa frase de Bill Clinton: "Vamos torná--lo legal, mas raro e seguro." Basicamente é isso, vamos afastar comércios sórdidos, situações de grande miséria e de graves lesões para a saúde de quem o pratica. Jamais ficarei numa situação de aderir a meias soluções porque isso não nos vai permitir resolver nada. O que é que se quer? Estigmatizar as pessoas? Em nome de quê?

Em nome da vida?

Mas a vida não está em causa. Quando se penaliza está-se a empurrar para o aborto clandestino que muitas vezes já é uma dupla morte. Para já não falar de problemas de infanticídio relacionados com esta questão. Nós não estamos a discutir nem a vida nem a morte. Recuso-me a discutir o problema nesses termos. O que está em causa é saber se uma mulher que comete aborto deve ser punida com pena de prisão.

A Igreja tem falado de vida e morte.

Eu percebo e respeito, como percebo e respeito tudo o que vem de uma convicção religiosa. Agora, com toda a franqueza, não é isso que está em causa nesta consulta popular. O mesmo discurso, por razões de princípio, teve a Igreja em 1984, quando foi da alteração ao Código Penal, e isso é compreensível, mas também há muitos católicos que estão militantemente no "sim" porque têm um entendimento muito humanista.

Não lhe cria nenhuma questão sensível encontrar companheiros de partido noutra barricada?

Não, nenhuma! As pessoas têm de se habituar à liberdade, têm de se habituar à divergência de opiniões, têm de se habituar a olhar sem dramatismos para aquilo que deveria ser tão natural como respirar. Nas questões de consciência não há partidos.

Não haverá espaço, portanto, para interpretações partidárias.

Quando a questão se colocou tive a oportunidade de colocar duas questões: a primeira é que entendia que o primeiro-ministro tinha utilizado o referendo como uma mera questão de agenda política. Isso, eu não deixo de lamentar. Basta olhar para o timing com que o Partido Socialista geriu esta questão no Parlamento, ou seja, a primeira iniciativa para a realização do referendo. Isso foi uma infelicidade.

A segunda questão é a de que este referendo não é uma questão partidária e, portanto, os resultados não devem ter uma leitura partidária.