sexta-feira, 20 de março de 2009

O amor no éter


Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.
- Adélia Prado

2 comentários:

Anónimo disse...

Que belo... e que pena não ter capacidade para sentir aquilo aqui é descrito e me foi drenado com tanta veêmencia!!!

mor disse...

O tempo tudo cura, me hate!