sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Do meu poeta preferido

 Fons vitae
As confidências demoram-se no céu da boca
como as nuvens lentas do Outono. Sopro-as,
para que o céu se limpe e apenas uma névoa vaga
se cole ao que me queres dizer; mas
encostas-me os lábios ao ouvido e tu, sim,
é que me contas que céu é este, e de onde
vêm as nuvens que o cobrem. Sentimentos,
emoções, paixões, interpõem-se entre
cada frase. Nem há outros assuntos
quando nos encontramos, e me começas a falar,
como se fosse o coração a única
fonte do que dizemos.
Nuno Júdice, in POESIA REUNIDA (1967-2000), (Dom Quixote,2000)

1 comentário:

Pedro Coimbra disse...

Típico de uma mulher apaixonada.
Beijinhos, boa semana