Amores doentios

"No dia em que Florentino Ariza viu Fermina Daza no adro da catedral, grávida de seis meses e com pleno domínio de sua nova condição de mulher do mundo, tomou a decisão feroz de ganhar nome e fortuna para merecê-la. Sequer perdeu tempo em pensar no inconveniente de ser ela casada, porque ao mesmo tempo resolveu, como se dependesse dele, que o doutor Juvenal Urbino tinha que morrer. Não sabia quando nem como, mas estabeleceu como inelutável o acontecimento, que estava resolvido a esperar sem pressas nem arrebatamentos, ainda que fosse até o fim dos séculos."

Alguns amores são tão doentios que só são bons de ler… Tão exagerados que os confundimos com o cúmulo do romantismo… Ser-se o alvo desse amor, ou sofrer-se dessa exacerbação não deve ser de todo saudável… Só lido e visto, de todo sentido, safa! Pobre Florentino Ariza…

Gabriel Garcia Marques, consegue o improvável, do início ao fim do romance queremos muito acreditar neste amor impossível, não correspondido e doentio, carregado de sentimentalismos e irracionalidade. Penso que todos os leitores querem acreditar que Fermina vai acabar por cair nela…

Uma história bonita sobre um amor totalmente impossível… Hoje em dia Firmino mereceria uma proibição de aproximação de Fermina Daza que não seria outra senão a pobre vítima…

Muitas críticas foram feitas ao filme mas adaptar “o amor nos tempos de cólera” não deve ser tarefa fácil e para filme não está nada mau, digo-vos… São realidades distintas. A fotografia é óptima, gostei de ser transportada para a época e o Barden para não variar faz um papelão.

Boa terça-feira!