Resto eu, a piquena patusca astuta, simpática, girérrima, imodesta mas muito realista Mor, só e abandonada, à espera das outras bolhas…
quarta-feira, 5 de março de 2014
A Quem Darei Todos os Dias da Minha Vida?
A quem darei todos os dias da minha vida? A voz que levo
em mim impressa como o rumor dos jardins, os rebanhos
descem pelas encostas, a neve abandona as giestas,
uma banda de província comemora o entardecer. Tu e eu dançaremos
como antigamente o Verão nos chamava, pelas romarias,
e passaremos as noites em viagem. Reinventei o mundo agora,
tu o fizeste assim, uma única vez se diz o nome que nos fez
voar sobre as searas. A quem darei a minha vida?
Aquilo que deixámos um no outro marcado como um fogo,
o sobressalto, as novas palavras. O tempo demora, e volve, devagar,
sobre si mesmo, nos pátios mais antigos. Do primeiro ao último dia,
a quem darei todos os dias da minha vida?
Francisco José Viegas, in 'Sombras - O Medo do Inverno'
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1 comentário:
Acho que posso dizer que já ambos sabemos a quem daremos todos os dias das nossas vidas.
E que bom que é.
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