Primeiro foi a loja de bolachas na esquina da Rua da Palha, seguiu-se a papelaria, depois a saudosa e tradicional barbearia Xangai (onde as mulheres da minha família de outras gerações fizeram as unhas), mais recentemente o restaurante Long Kei e a vaquinha, na semana que passou a barbearia Kak Lan...
Todos os dias fecham lojas que estiveram a atender ao público longas décadas. Os tin tins abandonados à sua sorte com menos mobília e antiguidades fazem dó!
O Centro de Macau da minha infância que eu tanto gostava e conhecia está a desaparecer, dando lugar a horrorosas lojas de biscoitos e carne seca, fast food e Sasa’s.
É o progresso, a lei da oferta e procura, oiço por aí, os preços das rendas que não param de subir! As fachadas, totalmente descaracterizadas, deixam antever um centro amorfo, com lojas todas iguais, onde não existem clientes habituais não nos tratam pelo nome, não sabem quem nós somos.
É pena não seguirmos o exemplo de Hoi An (no Vietname), também património da Unesco, onde apesar de viverem do turismo, o comércio tradicional se mantém e até serve de chamariz. É ver as fachadas todas diferentes, bem recuperadas, sorridentes clientes locais, galerias em várias esquinas, ferragens, mercearias, barbeiros, restaurantes cuidados, hospedarias.
Quando os turistas deixarem de se interessar por biscoitos e afins vamos ter um feio centro desértico pois, as gentes de Macau, por ali não encontrarem nada do que precisam, só multidão, desacostumaram-se a passear-se pela “baixa”...
Muita pena.