O prazer de ler

Mal aprendi a ler nunca mais parei.

Primeiro os Sete (também li os Cinco mas gostava era do Arreda), seguidos de “as gémeas no Colégio de Santa Clara e “o colégio das quatro torres” (da Enid Blyton), gostei tanto da camaradagem descrita nestas duas últimas colecções que, aos 10 anos pedi aos meus pais para ir para um colégio interno... Ainda bem que não me levaram a sério!

Lembro-me de, na pré-adolescência, em dias lindos de Agosto, num guincho sem vento, devorar nitidamente vários livros da colecção “Patrícia” (Julie Campbell). Também me lembro de a Mãe dizer “morzinha querida, pare de ler e vá passear, tantas horas a ler fazem mal aos olhos e à cabeça”, tal era o meu fanatismo por um bom mistério.

Em adulta continuei a ler. Poesia, biografias, romances, policiais, BD e até literatura de cordel... Pela madrugada dentro, não conseguia pregar olho até acabar o malfadado livro que tantas horas me dava de deleite como as que me tirava de sono.

Os livros sempre foram um refúgio, uma companhia, uma distracção, um prazer. Poder sentir através da escrita, ver o mundo sem sair do lugar, ter experiências que de outra forma estariam vedadas, conhecer... Os que estão privados da leitura perdem muito deste mundo.

Deixar de fumar "esfumou-me" o prazer da leitura... Passei a estar ansiosa, não me concentrava, os meus pensamentos eram pulgas saltitonas. Só de pensar num mergulho de mar, seguido de uma grande cigarrada enquanto se vai lendo, me dá calafrios... Não vou pensar mais nisso! E descobrir vestigíos de areia, folhas e flores secas num livro há muito guardado? Bem bom!

2009 tem sido um ano ingrato e o hábito da leitura continua descurado. De momento estou a ler, muito lentamente, “o périplo de Baldassare” de Amin Maalouf, tão bem escrito e de tal maneira cativante que tenho a certeza que o gosto pela leitura está a voltar, devagarinho.

Até logo e boas leituras!