quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A meus filhos desejo a curva do horizonte

"Se os nossos filhos soubessem o quanto gostamos deles", disse o meu querido bolhão enquanto assistiamos às brincadeiras tagarelas e barulhentas dos nossos queridos petizes.
Acho que só vão saber quando tiverem filhos e gostarem tanto deles como nós gostamos dos nossos.
E lembrei-me desta frase de início de uma linda poesia "a meus filhos desejo a curva do horizonte" que expressa bem o que os pais querem para os filhos e a medida (como se pudesse ser tirada) desse amor tão especial...

"A Meus Filhos
 
A meus filhos
desejo a curva do horizonte. 

 E todavia deles tudo em mim desejo:
o felino gosto de ver,
o brilho chuvoso da pele,
as mãos que desvendam e amam.

Marga,
meu fermento,
neles caminho e me procuro,
a corpo igual regresso:

ao rápido besouro das lágrimas,
ao calor da boca dos cães,
à sua língua de faca afectuosa;

à seta que disparam os ibiscos,
à partida solene da cama de grades,
ao encontro, na praia, com as algas;

à alegria de dormir com um gato,
de ver sair das vacas o leite fumegante,
à chegada do amor aos quatro anos. "

António Osório, in 'A Raiz Afectuosa'

2 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Desejamos a linha do horizonte e o que vá para além dela, Mor.
É tão difícil explicar o que se sente pelos filhos e a extraordinária intensidade desse sentimento.
Aquele sentimento de ficar felizes só por pensar neles.

mor disse...

Exacto!!!
Como me compreende, Pedro.
Vou visitar o seu canto. Até já!